A exposição a más notícias no puerpério: como lidar?
- Equipe pololô
- 22 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

Segundo a medicina, o puerpério é o período de resguardo, que ocorre de seis a oito semanas após o nascimento do bebê (Slomian J, et al., 2019). Esse é um momento em que a mulher vivencia diversas alterações hormonais, fisiológicas e psicológicas, por isso também nomeamos nesta fase o puerpério psicológico, que pode ter uma duração maior. Dentre as alterações psicológicas, está o baby blues, um fenômeno que faz a mulher experienciar tristeza, alterações de humor repentinas, ansiedade, choro e irritabilidade sem explicações aparentes, por exemplo (Sadock B. J., et al., 2017). Esse é o entendimento que temos da literatura, mas as mudanças sentidas pelas mães no puerpério são intensas e apenas descritas com minuciosidade por quem, de fato, as vivenciou.
Sabemos, então, que as semanas (e meses) consequentes ao parto deixam a mulher mais sensibilizada e fragilizada àquilo que ocorre em seu entorno, mesmo sem estar vivenciando grandes adversidades. Mas, e quando ocorrem situações adversas? As enchentes ocorridas no estado do Rio Grande do Sul nos levaram a uma reflexão: e como fica o estado emocional das puérperas, que já estão num período onde o sentir é intensificado, expostas aos efeitos das más notícias?
Em casos de grandes desastres, por exemplo, as notícias circulam por todos os meios, tornando extremamente difícil não consumir esse conteúdo, de alguma forma. Mas, então como lidar com más notícias no puerpério, sendo que, por vezes, é inevitável estar exposta a elas? Como compreender e distinguir aquilo que é consequência do baby blues das reações que são apenas o esperado diante de ocorridos tristes e preocupantes?
Talvez, o melhor a se fazer em primeiro momento, é praticar a aceitação. Aceite que você já está vivendo um período de maior fragilidade, onde tudo se intensifica, e os choros já são presentes mesmo sem motivo aparente. Aceite, também, que situações ruins acontecem, independente do momento da nossa vida, e que podemos fazer algo sim, até certo ponto. Reconheça e aceite seus limites. Você pode, então, tentar praticar a autocompaixão. Acolha seus sentimentos e emoções, eles são válidos e merecem a sua compaixão. Por vezes, você pode não conseguir distinguir exatamente o que sente, e porque sente, mas busque direcionar o seu foco ao que você pode fazer com o que está sentindo, e com quem você pode contar para lidar com isso.
Filtre e reduza seu tempo de exposição e consumo dessas notícias e, se caso isso não for possível, se rodeie de uma rede de apoio. Você não precisa passar por isso sozinha, afinal, você não está!
E se você notar que, a partir das notícias ruins, as suas emoções ficaram muito abaladas, a ponto de você não conseguir seguir com sua rotina pessoal e do bebê, busque ajuda de um profissional da psicologia ou converse com sua obstetra.
E lembre-se: como o puerpério, as más notícias também passam com o tempo. O importante é estarmos juntas, ajudando umas às outras naquilo que é possível, e acreditarmos que vamos nos reerguer. O processo puerperal que uma mulher vivencia é um grande exemplo da natureza humana dessa superação e transformação <3
Um beijo
Equipe pololô
Referências:
Sadock, B., J., et al. (2017). Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11a ed. Porto Alegre: Artmed; 855p.
Slogan, J., et al. (2019). Consequences of maternal postpartum depression: A systematic review of maternal and infant outcomes. Womens Health; 15:1-55.
Comments